segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A evolução


Semana passada comprei um produto que custou R$ 4,58. Dei à balconista R$ 5,00 e peguei na carteira 8 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Tentei explicar que ela tinha que me dar 50 centavos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender. 

Por que estou contando isso? 

Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

1.  Ensino de matemática em 1950
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00.  O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda.
Qual é o lucro? 

2.  Ensino de matemática em 1970
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00.  O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. 
Qual é o lucro?

3.  Ensino de matemática em 1980 
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00.  O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00.
Qual é o lucro? 

4.  Ensino de matemática em 1990
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00.  O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00.  Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
(  ) R$ 20,00   (  ) R$40,00   (  ) R$60,00   (  ) R$80,00   (  ) R$100,00 

5.  Ensino de matemática em 2000 
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00.  O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00.  O lucro é de R$ 20,00.  Está certo? 
(  ) Sim  (  ) Não 

6.  Ensino de matemática em 2007 
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100,00.  O custo de produção é R$ 80,00.  Se você consegue ler coloque um X no R$ 20,00. 
(  ) R$ 20,00   (  ) R$40,00   (  ) R$60,00   (  ) R$80,00   (  ) R$100,00 

Onde vamos parar?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sobre capitalismo


Capitalismo ideal  
Você tem duas vacas.
Vende uma e compra um touro.
Eles se multiplicam, e a economia cresce.
Você vende o rebanho e aposenta-se, rico!    

Capitalismo americano
Você tem duas vacas. 
Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas. 
Fica surpreso quando ela morre. 
    
Capitalismo japonês  
Você tem duas vacas. 
Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro. 
    
Capitalismo britânico  
Você tem duas vacas. 
As duas são loucas. 
    
Capitalismo holandês  
Você tem duas vacas. 
Elas vivem juntas, não gostam de touros e tudo bem. 
    
Capitalismo alemão                 
Você tem duas vacas. 
Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. 
Mas o que você queria mesmo era criar porcos. 
    
Capitalismo russo          
Você tem duas vacas. 
Conta-as e vê que tem cinco. 
Conta de novo e vê que tem 42. 
Conta de novo e vê que tem 12 vacas. 
Você para de contar e abre outra garrafa de vodca. 
    
Capitalismo suíço         
Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. 
Você cobra para guardar a vaca dos outros. 
    
Capitalismo espanhol          
Você tem muito orgulho de ter duas vacas. 
    
Capitalismo português          
Você tem duas vacas. 
E reclama porque seu rebanho não cresce.
    
Capitalismo hindu          
Você tem duas vacas. 
Ai de quem tocar nelas. 
    
Capitalismo argentino          
Você tem duas vacas. 
Você se esforça para ensinar as vacas a mugirem em inglês. As vacas morrem. Você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano ao FMI. 
    
Capitalismo brasileiro        
Você tem duas vacas.
Uma delas é roubada. 
O governo cria a CCPV - Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca.  Um fiscal vem e autua você, porque embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas e para se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Auto-ajuda

Quando você estiver triste, angustiado e tudo na vida parecer não ter mais conserto, não desanime...!  Respire fundo, estufe o peito e grite:  AGORA FUDEU MESMO!!!







Viu?  Quando tomamos conhecimento dos problemas alheios, concluímos que os nossos talvez não sejam lá tão graves assim.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Amor incondicional

Uma história que vale a pena conhecer.
Sempre criticamos a Justiça brasileira.  É hora de elogiar também.

Exemplos assim merecem!








domingo, 13 de fevereiro de 2011

O STF e o furto de cinco galinhas



Foi noticiada esta semana decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), a qual absolveu um cidadão aplicando o chamado “princípio da insignificância”, da acusação de furto cuja “res” era, nada mais, nada menos, do que cinco (5) galinhas e dois (2) sacos de ração.
Sim, caro leitor, cinco galinhas e dois sacos de ração! E a decisão foi do STF, aquele tribunal que deveria decidir as mais complexas discussões constitucionais brasileiras.

Não consigo deixar de perguntar: quanto tempo teremos de suportar decisões sem sentido, tendo que ser tomadas pela mais alta corte do país, que tantas outras questões relevantes tem de decidir? Quanto tempo mais veremos o Direito Penal ser massacrado em seus princípios? Quanto tempo ainda permanecerá a incompreensão sobre o princípio da insignificância? Até quando teremos de conviver com a míope e imbecil mentalidade retributivo-taliônica de aplicação da lei penal, que vê a conduta num verbo e não em sua complexidade humana, já passado mais de um século da teoria do tipo? Quanto tempo ainda para se perceber que a punição nesses moldes não soluciona o problema da criminalidade, que bate a nossas portas cada vez mais intensamente?
Veja, caro leitor, a síntese do caso divulgada na mídia.

No dia 30 de setembro de 2002, um caseiro gaúcho conhecido como "Garnisé" aproveitou a pouca vigilância do patrão e furtou da propriedade, em Porto Alegre, cinco galinhas e dois sacos de ração, avaliados em R$ 286,00. "Garnisé", então com 26 anos, foi denunciado em 2006 sob a acusação de "subtrair coisa alheia móvel" (artigo 155 do Código Penal), crime passível de pena de um a quatro anos de prisão e multa. Ressalte-se que as aves e a ração foram devolvidas.

Mesmo assim, o fato mobilizou o Judiciário brasileiro por oito anos, encerrando-se a ação penal pelo trancamento somente em novembro último pelo Supremo Tribunal Federal.
A 2ª Turma do STF acompanhou, por unanimidade, o voto do ministro Ayres Britto, que reconheceu a "inexpressividade econômica e social" do furto. E mais: ressaltou que a coisa furtada já havia sido devolvida. Ayres Britto entendeu que não era o caso de "se mobilizar a máquina custosa, delicada e ao mesmo tempo complexa" do Judiciário, para, afinal, "não ter o que substancialmente proteger ou tutelar", pois as aves e a ração haviam sido restituídas.

O processo tomou corpo por dois aspectos polêmicos: o primeiro de natureza processual, pois a juíza competente rejeitou a denúncia (não aceitou a acusação) liminarmente e a promotoria recorreu, entendendo que não poderia haver absolvição antecipada – ou seja, dizendo que se tem que processar primeiro e absolver,se for o caso, depois, independentemente do assunto e da situação tratada, do custo do processo, da movimentação do Judiciário, do peso da acusação sobre o réu e do peso que a própria vítima carrega ao ter de acompanhar, mesmo à distância, o andamento do feito. Dane-se tudo! Processo é processo – primeiro se faz, depois se pensa. Salve a burocracia!

A segunda polêmica foi a aplicação do princípio da insignificância. Este pobre princípio... Aliás, que quer dizer princípio mesmo? Ah, qualquer postulado que expresse uma idéia? Não, caro leitor, princípio é o que organiza o centro de determinado sistema. Numa casa, princípio não é o alicerce; é o ponto de apoio dele. O alicerce decorre do princípio onde é colocado o apoio. Princípio é a proposição que uma vez questionada revela a mais fundamental estrutura de um sistema.

Continuando, dizia que princípio da insignificância é também chamado de bagatela, ou melhor, alguns chamam de delito de bagatela aquele que decorre do princípio da insignificância. Aqui já se verifica a mentalidade patrimonialista tão arraigada no direito penal pátrio: o valor é financeiro, monetário, tem que ser expresso em dinheiro. Qual dinheiro? Uma relação com o salário mínimo, esse grande indexador, que reflete muito a realidade brasileira – veja-se a discussão atual para se estabelecer um valor de referência.
Não época do caso “Garnisé” o valor do furto era R$ 86,00 mais elevado que o valor do salário mínimo, assim, o furto não podia ser “insignificante”, segundo alguns, porque envolvia patrimônio expressivo, pois era mais que o salário mínimo. Esta teoria é tão sem sentido que basta se verificar o custo de um processo para ver se vale os R$ 86,00.

É obvio que a situação da vítima tem de ser verificada. Se ela tiver só cinco galinhas – pois muitos, infelizmente neste desgraçado país de ilusões, vivem com um salário mínimo – o patrimônio tratado é 100% do que ela possui. Logo, o valor é relevante, não monetariamente, mas porque retirou tudo, a totalidade do sentido patrimonial da vítima. No caso, as galinhas e a ração foram devolvidos. Não houve prejuízo.

Não quero me alongar, então vou direito ao ponto: princípio da insignificância não pode manter uma relação de medida com valores monetários (isto é visível em crimes tributários, pois pode ser aplicado o princípio da insignificância em questões cujo valor seja da ordem de R$ 10.000,00 – a relação aqui não é com o salário mínimo, mas com o valor que a Receita pode cobrar do contribuinte numa execução judicial).

Insignificância quer dizer “não ter significado”. Que coisa mais estúpida de se dizer! Mas é verdade: não ter significado, este é o ponto.

Que é não ter significado? É esta pergunta que tem de ser respondida. Ela tem a ver com a questão tratada na chamada filosofia da linguagem, na linguística, na psicologia moderna, na criminologia crítica, saberes que permeiam o direito penal moderno, já desde o finalismo – escola que completará em breve 100 anos de existência – e que questiona a ação humana como algo não mecânico, como algo provocado, motivado, desejado. Ao lado dessa escola, há o chamado funcionalismo, que também questiona a ação humana, já especificamente sobre o viés da linguagem. A ação social não é fruto de uma racionalidade técnica, instrumental. Ela advém da complexidade da estrutura do humano.

Significado é aquilo que faz o humano viver, que lhe dá sentido, de onde ele retira sentido. Sentido para si, mas também para e no ambiente social que ele habita. Significado é o que compõe o horizonte do humano e o mantém vivo. Significado é sinônimo de vida.

Quem sabe um dia entendamos o significado.

Última Instância


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nada mudou!

 Reunião na PREVI

Oito anos após o meu desligamento definitivo do Banco do Brasil onde trabalhei por três décadas, revivi hoje alguns dos bons momentos que tive por lá.

Cobrando, e de alguma forma, contribuindo para a solução de uma pendência entre a PREVI e seus associados, um grupo de abnegados “cabeças brancas” esteve reunido aqui no Rio de Janeiro com representantes do nosso fundo de previdência.

Na verdade, o problema mais grave vai além da PREVI e seus associados.  Está em nosso colo por conta e obra do Banco do Brasil que, via resolução sem força de lei, apoderou-se de 50% do nosso superávit (R$ 7.5 bilhões!), já devidamente registrados em seu balanço.   O Banco, pressionado por agências e organismos internacionais sobre tal aberração, cuidou rapidamente de acionar a PREVI - cujo presidente é por ele indicado - para submeter ao corpo social uma consulta que acabou aprovando a danosa ação.  Falha nossa.  Perdemos uma grande oportunidade.

Se por um lado foi muito bom reviver esses momentos, por outro, lamentavelmente, constatamos que ainda são as mesmas pessoas de sempre que se dispõem a brigar por aquilo que julgam ser seus direitos.

Muitos dos nossos, certamente, aproveitando um ensolarado dia de verão, optaram pela praia.  Dentro de poucas horas farão contato com os que lá estiveram, à procura de notícias novas.

É assim que a banda toca.

Nos idos tempos dos movimentos grevistas sempre tinha um infeliz pra nos dizer: eu vou trabalhar, pois tudo o que vocês conseguirem com a paralisação será concedido também aos que não aderirem.

Nada mudou!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Saia (mais do que) justa


Reunião de trabalho, sala lotada, olhares atentos e o funcionário conclui sua argumentação sobre uma questão levantada.

O chefe prepotente pede a palavra e, com uma cara de insatisfação, interpela o subalterno: Porque você não respondeu a minha dúvida de forma clara e sucinta? Respondi sim, disse ele.  Claro que não, retrucou o chefe... Bastava você dizer sim ou não.  O funcionário tentou convencer o chefe de que nem sempre é possível uma resposta “sim ou não”.

A discussão se estendeu.

Diante de tanta insistência do intransigente chefe o funcionário perdeu a paciência: Bom, se eu fizer uma pergunta, o senhor me garante que responderá “sim ou não”?  É óbvio que responderei.

O senhor nunca vai parar de dar a bunda? 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Morte


Alguns a chamam de passagem.  Outros, simplesmente de fim.  Em comum, a dor da perda.   

Tentamos nos preparar para esse momento.

Impossível.

Como é difícil aceitar a perda de pessoas que nos são caras!  Dói muito!

Inevitável.

Passado um tempo, essa dor cede lugar à saudade.

Consolo.

Semana passada, perdemos a D. Cida.  Uma alma pura, um coração generoso e acima de tudo, uma mãe que soube criar os seus filhos com equilíbrio e isenção raros.

Não há herança maior.