terça-feira, 22 de março de 2016

Entidades de classe: para que servem?


Duas profissões distintas, com as suas devidas representações, e uma comparação que me veio à cabeça: médicos e advogados.

Pode parecer meio insano, mas para que servem mesmo as entidades de classe?

Há quase três anos, com a participação direta da AMB e do CRM, médicos brasileiros se posicionaram contra o Programa Mais Médicos. Com alguns argumentos válidos, outros nem tanto e a maioria muito aquém disso, defenderam o que julgavam ser merecedores, ainda que fosse uma espécie de reserva de mercado. No embate, ao menos deram a cara a tapa, nas ruas ou nas redes sociais.

O tempo passou e o programa provou ter proporcionado mais avanços do que retrocessos e em nada denegriu tão nobre profissão. Muito pelo contrário. A prova maior talvez esteja no fato de que hoje cada vez mais médicos brasileiros aderem ao PMM. A lamentar, somente o fato de não termos aproveitado a oportunidade para a discussão e implementação de medidas estruturantes, não apenas para valorizar os profissionais envolvidos como também aperfeiçoar o modelo de saúde oferecido à população brasileira.

De outro lado, fato recente, a OAB decidiu apoiar o impeachment da Pres. Dilma. Do ponto de vista do exercício da profissão são episódios totalmente distintos.  A decisão, não endossada por todas as representações estaduais, não buscou facilitar e nem garantir o exercício profissional. Foi apenas uma manifestação política. E em sendo “apenas política” trouxe consequências extremamente danosas no que diz respeito à individualidade de seus representados.

A atitude da OAB e seus ilustres conselheiros nada mais fez do que tão somente reviver o seu apoio ao golpe de 1964. E arrastou com ela uma legião de conhecedores e defensores da lei. E como lá atrás, talvez daqui a alguns anos, tente novamente se redimir, para a redenção moral e política de seus representados.

Não houve um movimento da categoria.  Advogados não foram às ruas, não empunharam bandeiras.

Ao menos, ainda!