quinta-feira, 16 de abril de 2020

Bolsonaro




Dias antes da eleição presidencial, numa das minhas idas ao Brasil, estive com o meu núcleo familiar.

Entre pizzas e vinhos, o assunto, por oportuno, foi a possível vitória do Bolsonaro.

Discordando da maioria, eu dizia não acreditar em tal aberração. Não passava pela minha cabeça que os eleitores brasileiros fossem capazes de tamanha insanidade. Afinal, Bolsonaro não era um desconhecido.

Pois então, errei!

Não me atrevo a discutir o que já foi analisado por tanta gente muito mais competente do que eu.

Presidente eleito, passei a conviver com a dura realidade de ter amigos e conhecidos com profundas raízes no autoritarismo e, porque não, no nazifascismo, até então não assim identificados.

No primeiro momento acabei me distanciando de alguns deles. O meu sentimento não era de raiva. Era apenas de lamento e incredulidade. Como era possível? Pessoas que tiveram acesso a uma boa formação, viajaram, conheceram outras culturas...

Tenho manifestado reiteradas vezes que sinto vergonha por todos eles. Imagino como deve ser difícil reconhecer que embarcaram numa canoa furada.

Mas hoje, diante da terrível realidade que nos cerca, esse sentimento vem ganhando conotações diferentes.

Já não é só lamento.

Somos responsáveis por nossas escolhas.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

O importante é que...


- A previdência está quebrada, mas através de um remanejamento de verbas ainda controverso, repassamos R$ 600 bi para outras áreas. Portanto, faz-se urgente, especialmente para o deus mercado, que saia a tal reforma. Mas Isso, certamente, é só enquanto as nossas grandes empresas não conseguem dinheiro para quitar uma pequena dívida de R$ 1 trilhão. Afinal, é difícil ser empresário no Brasil.
- Vamos implementar contratos de trabalho sem férias, sem FGTS, sem vale refeição, sem vale transporte, sem... Como é difícil ser empresário no Brasil!
- Vamos criar o ensino básico à distância... Afinal, nós pais estamos mais bem preparados para ensinar nossos filhos do que esses mestres esquerdistas que andam por aí. Ah, e a merenda será virtual. Convívio com os demais? Bobagem!
- Vamos implementar a escola sem partido. Ou você gostaria de continuar a ver seu filho sendo doutrinado por esses professores esquerdopatas?
- O nosso presidente não é corrupto. Sua mulher não é corrupta. Seus filhos, tampouco. O que rola por aí sobre funcionários fantasmas, Queiroz, milícias, cheque para a primeira dama, aumento de patrimônio..., certamente é coisa da esquerda querendo incriminar a galera do bem. É muita maldade. Tal comportamento da esquerda já resultou no desaparecimento de 8 pessoas diretamente ligadas ao caso. Um pecado isso!
- Temos um ministro do meio ambiente que não sabe o que é meio ambiente. Assim, saber até sabe, tanto que, dizem, falsificou documentos em São Paulo para favorecer alguém... Mas quem é Chico Mendes, não é mesmo?
- Temos uma ministra que tem tara por goiabeira, mamadeira com piroca, cerveja Bock (de bokete, claro) e com mestrado cuja banca examinadora, coincidentemente, estava reunida na santa ceia.
- Temos um ministro brasilianista que afirma sermos todos ladrões (só os brasileiros, claro) e que universidade é coisa só para a elite. Vá lá que ele tem em seu currículo um livro escrito em conjunto com o pensador e político francês Alexis de Tocqueville, morto em 1859. E que mal há nisso? Vai ver o ministro é mediúnico, não é? Ah, diz também que lecionou na UERJ, embora não haja nenhum registro por lá. Universidade pública é assim mesmo Falhas e mais falhas.
- Temos um ministro da casa civil que é adepto confesso do caixa 2. Mas... O cara se desculpou publicamente e com Deus! E andou falando sobre o “acidente” de Brumadinho. Coisas sérias, ele disse. O que são 300 e poucos mortos perto do que a Vale significa? Bobagem!
- Temos um ministro (super) da Justiça que, não obstante seja conhecido como o Marreco de Maringá, jamais foi visto nadando em companhia de galinhas. Sábias galinhas, aliás. Apesar disso o cara é de uma coragem incontestável. E diferente do tempo em que era o juiz das araucárias, ele agora não gosta mais de falar. Não vaza nada para a mídia, não dá entrevistas e não aceita convites para debater com a sociedade organizada sobre os seus novos projetos. E é de uma lealdade! Tanto que não abriu a boca para falar do laranjal. E sequer ouviu falar em Queiroz.
- Temos um partido político ao qual pertence o nosso ilustre presidente, que mais parece um laranjal. Lançou candidatos fantasmas país afora e saiu distribuindo verbas públicas. Dois ou três desses candidatos não tiveram 1000 votos somados. Ah, e dizem as más línguas que o dinheiro foi usado para pagar gráficas que... Que não existem! Só pode ser coisa dessa mídia esquerdopata, claro.
- Temos agora, um pouco diferente do passado, uma representação em casas estaduais e no parlamento, que muito nos engrandece, especialmente pela sua diversidade. São atores pornôs, dono de prostíbulo, um tanto de pastores, donos de igrejas, nazistas, fascistas, mamãe falei, capitão do mato, jornalista plagiadora... E mais uns malucos espalhados, mas só gente de bem.
- Temos bons técnicos, alguns inclusive muito ativos no meio acadêmico, que confundem um pouco (mas opinam e isso que importa, não é?) Simão Bolivar e Marx. Uns procuradores do MP que confundem Hegel e Engels. Lembrem-se do brasilianista... Universidade é para poucos!
Então, temos ainda muitas outras coisas que hoje já nos soam diferentes dos últimos 15 anos de governo de esquerda. E coisas ótimas! Não sabemos ainda muito bem para quem. Se para a classe trabalhadora, para a classe produtora (como os leiteiros, por ex.), para os banqueiros... (pobres banqueiros) ou investidores... Mas que são ótimas, são.
Mas isso tudo pouco importa.
O importante mesmo é que tiramos o PT do governo!

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Reflexão para envelhecer (ou, chutando o balde)



Já me sinto com sabedoria suficiente para envelhecer sem a tutela de ninguém, com plena responsabilidade pelas minhas escolhas e atitudes.
Espero que as pessoas do meu convívio usufruam e se importem apenas com o que de melhor eu tiver. A contrapartida será praticada.
E assim permanecerá enquanto eu estiver na plenitude da minha capacidade mental.
Depois, é depois.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Fútil e inútil!

Resultado de imagem para Caça aos tucanos

O tal do Lide - Grupo de Líderes Empresariais, do João Dória, aconteceu hoje em Foz do Iguaçu, Paraná, no hotel cinco estrelas Wish Resort.

Chama a atenção a programação do evento, que pretendia debater a economia e o desenvolvimento do Brasil, mas que teve apenas uma agenda de debates programada para a manhã desta sexta.

No resto do tempo, as atividades foram divididas em coquetéis, torneios de tênis, golfe e de futebol society, aulas de vinhos, test drive de automóveis Mercedes Benz, degustação de uísques e um show com Sidney Magal no encerramento.

Fútil e inútil, tanto quanto o seu criador!

Faltou algo do tipo "como abater tucanos em pleno voo".

Teria sido perfeito!



segunda-feira, 17 de abril de 2017

Mani Pulite



Nesses últimos dias tenho utilizado boa parte do meu tempo para assistir algumas gravações de delações premiadas dos executivos da Odebrecht. Confesso que a primeira motivação foi mesmo conhecer fatos pontuais. No entanto logo me dei conta de que havia um universo bem mais amplo a ser assimilado.

É lamentável que olhemos para a Lava Jato apenas como uma operação policial destinada a prender uns poucos entre tantos corruptos e corruptores e salvar o Brasil de todo o mal, como nos fazem crer a PF, o MPF e os juízes nela envolvidos.

Ludibriada pela grande mídia parceira que só edita e publica aquilo que lhe interessa, a maioria da população brasileira é iludida com o varejo da operação e desestimulada para um olhar voltado ao atacado.

Por óbvio, não interessa às elites que sempre se locupletaram, nenhuma alteração desse status.

Estamos perdendo uma grande oportunidade.

Cabe às lideranças progressistas que por aqui ainda restam se empenharem em compreender e interpretar a estrutura política que nos dá abrigo. Lideranças de todos os segmentos. Políticos, acadêmicos, juristas, empresários, pessoas dos movimentos sociais, formadores de opinião, para que possamos redesenhar esse desde sempre ultrapassado modelo.

As delações, para o bem ou para o mal, estão feitas. E nos relatos, para muito além de fatos pontuais - quanto, como e para quem foi dado - se vê claramente como funciona a nossa estrutura política, como os interesses privados se misturam e se unem para se servirem dos benefícios públicos. Não se trata apenas de ajudar uma campanha política.

Entre tantas consequências priorizo a mais "sagrada e imediata" delas: perpetuar uma distribuição de renda às avessas.

A hora é essa. Se não revisarmos esse modelo agora acabaremos exatamente como tanto cita e quer o Juiz Moro: uma operação “Mani pulite” tupiniquim.

Não dará em nada!

Novos Berlusconis já se arvoram por aqui.


A propósito do tema, deixo um link que serve como exemplo: