Dias antes da eleição presidencial, numa das minhas idas ao
Brasil, estive com o meu núcleo familiar.
Entre pizzas e vinhos, o assunto, por oportuno, foi a
possível vitória do Bolsonaro.
Discordando da maioria, eu dizia não acreditar em tal aberração.
Não passava pela minha cabeça que os eleitores brasileiros fossem capazes de
tamanha insanidade. Afinal, Bolsonaro não era um desconhecido.
Pois então, errei!
Não me atrevo a discutir o que já foi analisado por tanta
gente muito mais competente do que eu.
Presidente eleito, passei a conviver com a dura realidade de
ter amigos e conhecidos com profundas raízes no autoritarismo e, porque não, no
nazifascismo, até então não assim identificados.
No primeiro momento acabei me distanciando de alguns deles.
O meu sentimento não era de raiva. Era apenas de lamento e incredulidade. Como
era possível? Pessoas que tiveram acesso a uma boa formação, viajaram,
conheceram outras culturas...
Tenho manifestado reiteradas vezes que sinto vergonha por todos
eles. Imagino como deve ser difícil reconhecer que embarcaram numa canoa
furada.
Mas hoje, diante da terrível realidade que nos cerca, esse
sentimento vem ganhando conotações diferentes.
Já não é só lamento.
Somos responsáveis por nossas escolhas.
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