Duas profissões distintas, com as
suas devidas representações, e uma comparação que me veio à cabeça: médicos e
advogados.
Pode parecer meio insano, mas
para que servem mesmo as entidades de classe?
Há quase três anos, com a
participação direta da AMB e do CRM, médicos brasileiros se posicionaram contra
o Programa Mais Médicos. Com alguns argumentos válidos, outros nem tanto e a
maioria muito aquém disso, defenderam o que julgavam ser merecedores, ainda que
fosse uma espécie de reserva de mercado. No embate, ao menos deram a cara a
tapa, nas ruas ou nas redes sociais.
O tempo passou e o programa
provou ter proporcionado mais avanços do que retrocessos e em nada denegriu tão
nobre profissão. Muito pelo contrário. A prova maior talvez esteja no fato de
que hoje cada vez mais médicos brasileiros aderem ao PMM. A lamentar, somente
o fato de não termos aproveitado a oportunidade para a discussão e
implementação de medidas estruturantes, não apenas para valorizar os
profissionais envolvidos como também aperfeiçoar o modelo de saúde oferecido à
população brasileira.
De outro lado, fato recente, a OAB
decidiu apoiar o impeachment da Pres. Dilma. Do ponto de vista do exercício da
profissão são episódios totalmente distintos. A decisão, não endossada por todas as representações
estaduais, não buscou facilitar e nem garantir o exercício profissional. Foi
apenas uma manifestação política. E em sendo “apenas política” trouxe consequências
extremamente danosas no que diz respeito à individualidade de seus representados.
A atitude da OAB e seus ilustres
conselheiros nada mais fez do que tão somente reviver o seu apoio ao golpe de
1964. E arrastou com ela uma legião de conhecedores e defensores da lei. E como
lá atrás, talvez daqui a alguns anos, tente novamente se redimir, para a
redenção moral e política de seus representados.
Não houve um movimento da
categoria. Advogados não foram às ruas,
não empunharam bandeiras.
Ao menos, ainda!