terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nada mudou!

 Reunião na PREVI

Oito anos após o meu desligamento definitivo do Banco do Brasil onde trabalhei por três décadas, revivi hoje alguns dos bons momentos que tive por lá.

Cobrando, e de alguma forma, contribuindo para a solução de uma pendência entre a PREVI e seus associados, um grupo de abnegados “cabeças brancas” esteve reunido aqui no Rio de Janeiro com representantes do nosso fundo de previdência.

Na verdade, o problema mais grave vai além da PREVI e seus associados.  Está em nosso colo por conta e obra do Banco do Brasil que, via resolução sem força de lei, apoderou-se de 50% do nosso superávit (R$ 7.5 bilhões!), já devidamente registrados em seu balanço.   O Banco, pressionado por agências e organismos internacionais sobre tal aberração, cuidou rapidamente de acionar a PREVI - cujo presidente é por ele indicado - para submeter ao corpo social uma consulta que acabou aprovando a danosa ação.  Falha nossa.  Perdemos uma grande oportunidade.

Se por um lado foi muito bom reviver esses momentos, por outro, lamentavelmente, constatamos que ainda são as mesmas pessoas de sempre que se dispõem a brigar por aquilo que julgam ser seus direitos.

Muitos dos nossos, certamente, aproveitando um ensolarado dia de verão, optaram pela praia.  Dentro de poucas horas farão contato com os que lá estiveram, à procura de notícias novas.

É assim que a banda toca.

Nos idos tempos dos movimentos grevistas sempre tinha um infeliz pra nos dizer: eu vou trabalhar, pois tudo o que vocês conseguirem com a paralisação será concedido também aos que não aderirem.

Nada mudou!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Saia (mais do que) justa


Reunião de trabalho, sala lotada, olhares atentos e o funcionário conclui sua argumentação sobre uma questão levantada.

O chefe prepotente pede a palavra e, com uma cara de insatisfação, interpela o subalterno: Porque você não respondeu a minha dúvida de forma clara e sucinta? Respondi sim, disse ele.  Claro que não, retrucou o chefe... Bastava você dizer sim ou não.  O funcionário tentou convencer o chefe de que nem sempre é possível uma resposta “sim ou não”.

A discussão se estendeu.

Diante de tanta insistência do intransigente chefe o funcionário perdeu a paciência: Bom, se eu fizer uma pergunta, o senhor me garante que responderá “sim ou não”?  É óbvio que responderei.

O senhor nunca vai parar de dar a bunda? 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Morte


Alguns a chamam de passagem.  Outros, simplesmente de fim.  Em comum, a dor da perda.   

Tentamos nos preparar para esse momento.

Impossível.

Como é difícil aceitar a perda de pessoas que nos são caras!  Dói muito!

Inevitável.

Passado um tempo, essa dor cede lugar à saudade.

Consolo.

Semana passada, perdemos a D. Cida.  Uma alma pura, um coração generoso e acima de tudo, uma mãe que soube criar os seus filhos com equilíbrio e isenção raros.

Não há herança maior.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A importância da língua inglesa


New York City, 1981.  Eu havia chegado há alguns dias e me hospedara na casa de Edilberto, a quem eu entregara um presente vindo do Brasil.  Rosângela, uma amiga em comum, havia me pedido tal gentileza.

Não conhecia a cidade, não falava absolutamente nada de inglês.  Edilberto, muito simpático, sugeriu que eu ficasse lá até encontrar um local definitivo.  Amigo de Rosângela é meu amigo também, disse.  Ele dividia o apartamento com Fernando, de quem tinha sido companheiro.  Ambos gays.  E só descobri isso lá.  A nossa amiga me contara apenas metade da história.

Alguns dias depois, Edilberto chegou em casa dizendo que encontrara um bom lugar para eu me hospedar temporariamente.  Arrumei a mala e fui.

Na entrada, a placa: YMCA.  Inocente e desinformado, só me lembrei da música do Village People.  Mais nada.  Eu sabia até cantarolar, mas não tinha a menor idéia do tema tratado.

O quarto era minúsculo.  Um calor insuportável.  O banheiro, coletivo.  Pelo avançado da hora, não cruzei com ninguém enquanto me banhava.

Liguei a TV.  Passava um jogo da seleção brasileira de juniores.  Para driblar o calor, abri a janela e deixei a porta entreaberta, calçada por um chinelo.

Era a senha!

Não mais do que 10 minutos foram suficientes.  Alguém bateu.  Falou em inglês.  Não entendi nada.  Falou em espanhol.  Respondi em portunhol.  Pediu para assistir o jogo comigo.  Achei estranho.  Mas homens adoram futebol.  Porque não?

Trocamos algumas palavras e ele se sentou aos pés da cama.  Até então, era um torcedor dividindo as emoções da partida. 

De repente, mãos finas tocaram os meus pés.  Opa!  E enquanto a mão se movia delicadamente, percebi que o tom de voz já era diferente.

A ficha caiu!

E acabei perdendo boa parte do jogo para explicar ao companheiro torcedor que o sonho dele não tinha a menor possibilidade de se realizar.  E tudo isso em portunhol!

Ele foi extremamente educado e se retirou.

Assustado, passei a chave na fechadura.

Eu, hein?  Aff...

Young man, are you listening to me?
I said, young man, what do you want to be?
I said, young man, you can make real your dreams.
But you got to know this one thing!

No man does it all by himself.
I said, young man, put your pride on the shelf,
And just go there, to the YMCA
I'm sure they can help you today.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Todo dia é sexta-feira



Chega um tempo na vida que todos os dias parecem ser sexta-feira.  E não estou falando de aposentadoria. 

É claro que precisamos envelhecer para saborear isso.  Não podemos confundir envelhecer com estar velho cronologicamente.  Envelhecer é um processo contínuo.  Envelhecemos desde o nascimento. 

Repito sempre que o melhor do processo de envelhecimento é a sabedoria.  Não nascemos com ela.  Nós a adquirimos ao longo do tempo.  Vivendo, fazendo, acertando ou errando.  Envelhecendo a cada dia.

Se envelhecer é compulsório (basta permanecer vivo), logo a sabedoria também o é, certo?  Pode ser.  Depende de cada um de nós.

Mas não basta apenas adquirir sabedoria.  Ou será que ela, por si só, nos transforma em pessoas melhores, mais felizes?  Não creio.  Afinal, a sabedoria nos permite saber o que deve ser feito.  Daí em diante, é a virtude que faz a diferença.

Então, mãos à obra.  Se a sua sabedoria ainda é pequena, não importa.  Comece agora a exercitar.  Arrisque-se.  Permita-se.  Gratifique-se.  Não arrume justificativas ou desculpas.  

Faça a sua sexta-feira, seja lá o que for.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sobre filhos





Como diz a filósofa sancarlense Cecília Ferrari Tenca, filho é um “abacaxi” que arrumamos para o resto da vida.


Não tenho dúvida.  Se a decisão sobre ter ou não ter filhos fosse apenas pragmática, o mundo hoje estaria despovoado. 

Quando ele nasce, é porque é pequeno, ainda não aconteceu a tão esperada interação entre pais e filho.  Depende de colo e de atenção 24h por dia.  Vem a fase dos primeiros passos, e pensamos que tudo será diferente.  De certa forma, melhora.  Mas aí temos de correr atrás o tempo todo, levantar da altura de suas mãos tudo que não pode ser tocado.  Depois, creche, alfabetização, adolescência.  E assim vai de fase em fase até o casamento, quando nos iludimos pensando que “nos livramos” dele definitivamente.  Doce engano.  Logo virá um neto.  E logo teremos um neto para cuidar.  É assim a vida.

Mas depois das emoções vividas neste de final de semana, eu acrescentaria: quando comemoramos a formatura do filho e, coincidentemente, a sua saída de casa para trabalhar fora, o chororô é muito grande!  É uma mistura de dever cumprido com perda.  Orgulho com dor.  Dor boa, se é que isso existe.

Eu já deveria ter vivenciado isso anteriormente, mas a vida, de alguma forma, acabou me privando.

Pai e mãe são "bobos" por natureza.

Não sei contar as vezes em que me desmanchei em prantos em eventos proporcionados pelos meus filhos.

Nem posso contar, pois enquanto eu viver sei que outras ainda virão.

E se o tal do “abacaxi” tem um lado bom, é esse.

Alguém mais crítico dirá que isso é o mínimo possível para recompensar as agruras dos pais.  Pode ser.

A gente sofre muito. Mas que é bom é!

E para reflexão dos atuais e dos futuros papais:

Não se preocupe em deixar herança para os seus filhos.  Falo de dinheiro, de bens.  Invista tudo o que puder na formação deles.  Formação no sentido mais amplo da palavra.  Amor, generosidade, solidariedade, respeito, educação, boas escolas, cidadania, responsabilidade, passeios, viagens, cultura, diversão...

Faça isso e eles chegarão à fase adulta prontos para viver de forma plena e intensa.

E que Pedro, João e Marina não me desmintam!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A nossa Terra em crise

A natureza é tão pródiga que mesmo castigada é capaz de proporcionar belas imagens.  E de nos brindar com pessoas como o fotógrafo e ativista J. Henry Fair.  Ele viaja o mundo a bordo de um helicóptero para retratar o impacto de ações humanas no meio ambiente.  As fotos abaixo foram publicadas no livro "The Day After Tomorrow: Images of Our Earth in Crisis" (O dia depois de amanhã: nossa Terra em crise).

Fonte: UOL - J. Henry Fair - Cortesia: Gerald Peters Gallery

Espuma formada em lixo contendo resíduo de bauxita, emitido por uma fábrica de alumínio na cidade de Darrow (Louisiana) 

"Percepção Oculta" mostra o petróleo derramado no Golfo do México, após a explosão de uma plataforma da BP

'Abstração de destruição' retrata a degradação em Geismar, Louisiana  

Esgoto com resíduo de fertilizante despejado em Geismar, Louisiana

Lixo tóxico é despejado em Convent, também no Estado de Louisiana. O material é resíduo da produção de fertilizantes

Reservatório com resíduos de papel, em uma fábrica de lenços em Ontário, no Canadá. A fibra de madeira usada na produção é retirada da reserva florestal de Kanogami


Essa outra foto da fábrica de herbicidas em Louisiana foi batizada de 'Gangrena'


Essa foto mostra um lago de dejetos em uma fábrica de herbicidas na Louisiana

Na imagem, ácido sulfúrico 

"Caleidoscópio" mostra centro de destilação de petróleo para obtenção de betume em Fort McMurray, na província canadense de Alberta. O processo causa grande impacto ambiental