Curioso que sou, resolvi hoje passar os olhos rapidamente pelos números que representam os Servidores Públicos Federais e as pessoas abrangidas pelo Programa Bolsa Família, bem como os recursos financeiros destinados a ambos.
Os servidores englobam os da ativa, aposentados e pensionistas. Quanto ao BF existem tipos diferentes de benefícios e beneficiários, mas considerei o valor médio total.
Vamos lá então.
Servidores
Folha de pagamento: R$ 255.300.000.000,00 - Média: R$ 11.630,00
Bolsa Família
Investimento: R$ 28.100.000.000,00 - Média: 176,00
Observações:
1- Nem todo servidor público tem família (esposa e filhos).
2- No BF o valor médio é por núcleo e não por participante.
Assim os valores médios recebidos impactam de maneira diferente os integrantes de cada segmento.
Alhos com bugalhos? Por definição, sim. Afinal, o servidor da ativa trabalha, o aposentado trabalhou e fez jus à aposentadoria e o pensionista foi alcançado pela legislação (meritocracia?).
Já as famílias do BF fazem por “merecer” apenas e tão somente pelo simples fatos de serem miseráveis. Pouco importa se trabalham ou estudam, ou se possuem ou não um teto para o necessário abrigo.
Comida? Se miseráveis, certamente não lhes resta.
Bom, mas e daí, qual a razão de tanto devaneio?
Primeiro, para fomentar mais uma vez a discussão sobre a miséria brasileira. Boa parte da população tece severas críticas às políticas sociais, especialmente ao Programa Bolsa Família. Não me aterei aos tipos de comentários. Algumas críticas procedem, especialmente quanto a controles rigorosos, ações corretivas e as chamadas políticas de porta de saída. No mais, apenas um ranço preconceituoso e totalmente desprovido de argumentos razoáveis.
Segundo, para defender uma vez mais a necessidade de socorrer quem não foi contemplado com o “mérito” do pertencimento. Sim, a tal da meritocracia.
Na vida fazemos todo tipo de escolhas, menos esta. Não sabemos ao nascer o ninho que nos abrigará. É pueril, mas é assim.
Mais, quem tem fome tem pressa. Ou colocamos comida nesses pratos vazios ou não teremos mais com o que nos preocupar no curto e médio horizonte de tempo. A fome se incumbirá de nos livrarmos de todos os problemas, pois esses brasileiros morrerão por inanição.
Mais, quem tem fome tem pressa. Ou colocamos comida nesses pratos vazios ou não teremos mais com o que nos preocupar no curto e médio horizonte de tempo. A fome se incumbirá de nos livrarmos de todos os problemas, pois esses brasileiros morrerão por inanição.
Por último, com o propósito de justificar a comparação entre os segmentos, para ressaltar a disparidade promovida em números tão assustadores.
Considerei um número de 4 integrantes por família.
A folha de pagamento dos servidores, como vimos, é R$ 255.300.000.000,00. Representa 4.31% do PIB 2015 e coloca mensalmente no bolso de cada um dos 8.8 milhões de integrantes em seus núcleos familiares a importância de R$ 2.907,50.
No BF investimos R$ 28.100.000.000,00. Ou seja, 0,41% do PIB para entregar a cada uma dessas famílias miseráveis o valor de R$ 176.00. Para a família. Por integrante, R$ 44,00! E aqui falamos de 55.5 milhões de pessoas alcançadas.
Pense nisso quando colocar a cabeça no travesseiro para dormir. Critique, esperneie, mas pense. É tão pouco para quem precisa de tanto.
Sei, sei... Alhos com bugalhos.
Mas é assustador, não?
PS: Posso confessar agora que a curiosidade foi resultante dos recentes atos do interino “Temer, o breve”. Em especial pelos 41,47% de aumento para os servidores do judiciário. Por questões de saúde eu me recusei a pesquisar pontualmente o impacto e abrangência de tal medida. Mas tenho plena convicção de que os nossos nobres juízes e demais servidores que os rodeiam estejam mesmo em estado de total penúria financeira.